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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Do lado de cá


É como se meus pés apalpassem o escuro

e com as minhas mãos no chão

eu tocasse na mudez do meu silêncio

gritada dentro de mim

por uma voz estranha.


É como se o cheiro da lágrima

cavasse um buraco oculto

escondido por entre as dores

que eu rabisquei de vermelho carne.


É como se a palavra

revelasse as coisas pequenas

que nos constroem

e como se o eco delas fosse meu esconderijo.


É como enxergar num poço espelhado

a escuridão que me abre pra dentro.



É como degustar meu próprio gosto: secreto e íntimo.





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