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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Outrora

Não eram esses nossos sonhos.


Eram outros planos,

outras pessoas,

outras vidas,

éramos outros.


A poesia tinha outra rima.


Pedaços de nós

caminhavam num risco tênue

entre o que somos

e o que perdemos.


Deixamos de ser

para que pudéssemos ser-nos.


Foram cisões e fusões

que arriscavam o novo

e temiam o velho.


Suplícios de nossas palavras

berravam por outra poética.


Ao apalpar meus buracos internos

eu vejo saudades,


eu vejo o que ficou

de tudo que passou.


Me vejo outrora

com a mesma face no espelho.

domingo, 24 de outubro de 2010

Rasuras


Palavras manchadas

sentimentos engasgados

versos trêmulos

rasuras seladas.


Foi tudo aquilo que eu deixei de mim no mundo

e tudo aquilo que não coube em mim

sem contar no que eu engoli pra dentro sem mastigar,

que hoje fazem parte da minha composição mais nobre.


Intimidades rascunhadas

entre lágrimas verbais.


Eu desato meus nós

amarrando minhas gotas de poesia

nas nossas lutas a sós...


ironia.


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Vestida de cicatriz




Lágrimas me arrancam o fôlego

e fazem meu pranto

explodir meu sangue estancado

pelas veias das tuas palavras.


Gota d’água transbordando a enchente

minha mágoa atravessando a ponte

e desfilando ao teu lado

no baile de sábado a noite.


Fora o furo

suplícios por cuidado ante ao corte.


Eu peço que enfeite com delicadeza minhas dores

costure cada pedaço dos meus pesares com carinho.


Sinta as medidas com a ponta da língua

meça antes de cortar.


Meu manequim tem o tamanho do teu colo.


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