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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Aos amantes mutantes


Minha cor, meu tom, meu som.

Sua pele, seu ritmo, seu íntimo.

Minha cara, sua tara, nossa dança rara.

Minha doçura, sua ternura, nossa loucura.

Meu jeito, seu peito, nosso leito.

Meu vinho, seu carinho, nosso ninho.

Minha roupa, sua boca, noite louca.

Minha aurora, sua outrora, nosso agora.

Meu ente, seu quente, nosso lentamente.

Me arrepia, sua teimosia, nossa harmonia.

Meu amigo, meu sentido, meu querido.

Sua vida, sua ida, seu ponto de partida.

Sem freio, sem meio, sem medo.

Me adora, agora, embora.

Embola, rola, olha.

Ora, hora, chora.

Razão, emoção, confusão.

Confissão, fixação, explosão.

Pedaço, laço, traço.

Rastro, retalho, retrato.

Tempo, vento, momento.

Invento, tento, sentimento.

Cala, fala!

Mente, sente!

Queima-se, esvai-se!

Eu respiro seu suspiro, apenas piro, me viro…

domingo, 26 de outubro de 2008

Pra não dizer o que calei


Amo, e jamais poderei te perdoar por sentir-me assim.

Amo aquilo que vem, fica e vai embora.

Amo o breve instante que demora.

E não poderia amar mais de outra forma.

Todas as chuvas caindo, jardins floridos,

e todas as borboletas e pássaros que voam na sua velocidade.

Amo viiver do sentimento que invade meu ser, amo me ser vivendo amor.

Posso falar das carícias, dos beijos e principalmente dos abraços.

Entre a intimidade muda o sorriso singelo que traz olhares mansos e penetrados.

Posso também lembrar-me dos momentos, demorar na infinidade de cada momento.

Naquilo que sinto trago comigo rabiscos seus que jamais poderão se acabar.

No espelho um olhar perdido que se encontra ao te procurar.

Nas lembranças, vivências e memórias pequenas, algo que fez de mim o que sou.

E por mais que eu tente arrancar tudo de mim, sei que eu me rabisquei nos seus rascunhos amassados,

e sei que jamais poderia ser o que sou, não fosse cada letra das minhas frases no seu papel ainda dobrado.

Dentro de mim sinto-me invadida por esse sentimento que me faz ser todo o amor que sou e que sinto antes de partir.

Preciso apenas sentir, isso que não sei como se sente. Um dia, tavez!

|ler Vinícius de Moraes e Mário Quintana faz bem, traz um jeito diferente de falar das coisas, um jeito romantico antes nunca expreimentado. Reconmendo!| ;)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Contato íntimo

Escrever e somente assim sentir-me lá dentro de mim, quase perto do eu que sou. É somente nesse instante em que escrevo, nesse tão breve instante que passa e passou, que posso então entrar em contato comigo. Nem antes, nem depois. Durante e brevemente apenas.

Ao ver as palavras emparelhando-se assim, posso então ver-me, não nelas, mas em mim, e posso sentir-me como sou. Só e somente assim. Entre tantas palavras vazias de si, um sentimento completo em mim. Na melodia muda das frases emparelhadas encontro meu tom e meu ritmo, lá, dentro de onde estou em mim.

Guardada a chaves e muros, perdida entre tantos eus perdidos, escondida no labirinto interno inacabado, sufocada de superfícies leves e quase apagadas, deitada dentro de mim saindo depressa por entre essas linhas rascunhadas no escuro.

Como cada palavra sozinha ao perder-se do texto não pode significar nada além dela mesma, olhando dentro de onde estou posso ver-me sozinha e transformar-me em algo visível, lanço minha visão confusa no mundo e nisso desfaço-me toda de mim.

Assim como aquele que escreve precisa do papel, eu para me ser, mesmo que brevemente, preciso escrever. Preciso deixar mostrar tudo de mim que eu escondi e guardei. Tudo está aqui, nessas palavras vazias que não podem ser e que não são nada de mim. Sou eu.

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