-

sábado, 14 de março de 2009

Desconectar-ser


Aquele que sente, simplesmente sente. Uso com ironia a palavra simplesmente. Pois, para mim, aquele que sente, infelizmente sente.

Talvez eu permaneça fazendo o uso de irônicas combinações por mais tantas vezes. Mas na verdade, nem apenas, nem somente, nem felizmente, nem brevemente ou qualquer outro ente.

Aquele que sente, sente.

Espero que sinta, de forma sucinta.

Espero que sinta-se. Recomendo antes sente-se.

Deixe que transborde. Só então aborde.

Aborte o que rasga. Deixe que invada.

Em silêncio segurando o lenço pense como penso. Denso e tenso.

Respire fundo. Um tanto profundo que te leva a absorver do mundo um pouco de tudo. Imundo.

Esteja pronto. A cada ponto um furo doído. Moído. Miúdo e mudo.

E quem sabe o que é nunca parou para sentir e perceber dentro de si tudo aquilo que faz parte de todos os pedaços desconectos que fazem do ser uma vaga indagação sem fim.

sábado, 7 de março de 2009

Pelo sentimento


Sentir a falta lá dentro.

Sentir medo dessa falta de dentro.

Sentir a dor do medo da falta.

E somente sentir.

Sentir no silêncio.

Sentir o momento.

Sentir o que faz falta.

Sentir medo.

Sentir dor.

E somente sentir-se.

Sentir então dentro de si.

Sentir-se como nunca antes.

Perto de si, perto de mim.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Fundo sem fim


Em miúdos mudos partidos procuro meu eu perdido dentro daquilo que aparenta ser o que sou.

Em tantas partes vazias e ocas encontro pedaços do eu que procuro em mim.

Nos pensamentos que vagam a procura de algo que realmente expresse o que quero pensar encontro sentimentos esquecidos que jamais pensei sentir.

Na estranheza dos sentimentos que no fundo de algum lugar escondido percebo a presença deles fazendo pulsar quase imperceptívelmente coisas que sou que eu mesma nunca me vi ser.

Nos pequenos e infindáveis buracos de mim que encontro vejo e sinto percepções que fazem parte do eu que sou mesmo sem saber por onde começar a sê-lo.

Nas indagações e questionamentos mais simples me perco sem saber como me achar na convicção rígida que por algum instante tive a sensação de vivê-la.

A cada angústia carregada de dor de não ser aquilo que um dia sensações frágeis trouxeram a leve certeza que se era.

A cada suspiro perdido que anseia por uma resposta que não está dentro do eu que pensei ser.

A cada busca incoerente que pede por uma simples coesão de ser que inexiste dentro de mim.

É no fracasso de cada tentativa de encontrar uma identidade única e sólida que se inicia a verdadeira busca que transcende essas meras aparências que constrói o eu de cada ser real.

Related Posts with Thumbnails