Eu falo sobre o amor
como quem conversa fiado
em trocados pequenos no boteco da esquina.
Falo sobre o amor
como quem degusta sabores baratos
nos mínimos detalhes agridoces.
Deixo escapar as delícias e dores
quase monótonas disfarçadas de neblina em lágrimas
que me ameaçam os olhos molhados.
Provo meu gosto até alcançar o dessabor das minhas palavras
e encosto meu pranto no canto da saudade
que eu desenho em versos.
Apalpo com delicadeza os sentimentos de onde eu vim
até fazer sair bolhas pulando no peito
que me revelam as rimas arteriais mais completas de mim.
Invento prazeres nas conversas de botequim...