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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Ouça o segredo

Como a dedicatória que pesa todo o peso dos ventos leves e perfumados de outono.
A ele como quem se faz herói pelo segundo inteiro em que os escudos estão no chão e a sinceridade agarrada à mão.
A ele pela coragem absoluta de revelar o segredo preso fielmente ao medo.
A ele pela desordem vivida e doída abafada no escuro do tormento em silêncio.
A ele principalmente pelo sentimento existente na conquista desse breve entendimento meu.
Entre as infindáveis dúvidas há a partilha de toda a pureza dessa verdade fingida.
Entre a confissão toda essa confusão com fusão de turbulências engasgadas.
Entre eu e ele esse registro eterno e externo de tão interno.
Entre ele e ela a dor engolida na angústia da duvida que bagunça o instante todo da paz desse abraço.
Entre o amor e a amizade um limite invisível e inexistente que faz dessas palavras jogadas uma mistura vaga.
Entre o dia e a noite os gritantes pensamentos mudos de delicadeza e desejo no ensejo do enleio.
Só e somente a ele…
Como quem merece como ninguém o tempo do desabado eternizado só para si.
Os ombros leves e a cabeça cheia como aquele que nasceu já dentro de si enroscado na razão que não descansa nem no momento do grito.
Grito calado que nunca não houve.
Ouça o segredo nesse silêncio.
Ouça o silencio desse segredo.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Gota de ser


Como um ser profundo dotado das mais belas experiências internas.

Ser quer com a lente dos olhos capta as mais leves sensações externas que transbordam no espaço escondido onde as emoções não tem nome.

O coração que pulsa cada vivência como uma totalidade única e intensa.

A mente que tanto sente.

Mente que sente.

Ora, só assim verdadeiramente sente como mente.

Ser que tomou a essência do mundo em uma gota de vida e guardou para si todas as gotas do mundo na essência da vida.

No caminho dos olhos sempre abertos e alertos, certos de tudo que se possa experimentar na ousadia de cada dia.

Uma forma pura e assustadora de sentir infinitamente tudo de um jeito tocante e invasivo que espeta na carne frágil, mas nunca tira o prazer da experiência íntima e varolosa que faz parte do ser que não se pode deixar de ser.

A leveza de toda a grandeza está tatuada na sinapse inacabada.

Ainda clamando pela beleza de tudo que o sentimento esconde na vista grotesca.

No mundo onde sentir é exigência máxima para só então existir.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Onda de lá

Sobre a ilusão confusa, caduca e maluca do poder nosso de cada dia.
Foi naquele momento, depois de tudo de antes e antes de tudo de depois que ocorreu o ocorrido.
Fato marcante e também cortante. Não menos emocionante.
A fragilidade escondida na impotência diante do desespero daquela breve falta de poder sobre si que sentiu-se ali.
Vontade chorar. E em uma gota de lágrima conseguir expressar o medo.
Em um suspiro de silencio demonstrar a força que há dentro da renúncia.
O grito de liberdade de antes e a coragem excitante que enchia o peito já não mais existia aqui.
Tudo se calou quando o mundo não parou no momento exato da ordem expressa de pausa.
No mundo mudo da ausência de poder nasceu a perda do controle necessária para o sufoco.
Susto e surto. Depois toda a beleza de sentimentos a flor da pele que não puderam se calar nem mesmo com a falta de voz, falta de força.
É esse instante que eu quero registrar e assim o faço.
Explosão de mim no mundo, explosão do mundo em mim numa bagunça assustadora e dolorida onde a agitação não conseguiu abafar a emoção encantada que retrata vínculos invisíveis, mas perceptíveis.
Agora já de olhos abertos eu peço uma faixa grossa, macia e escura. Eu não quero enxergar, só sentir.
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