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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Fica só entre nós


Entre o consciente e o inconsciente, aquele sopro elouquente que te faz gente, e só você sente. Sopro tão de repente que cala o consciente, abafa seu conteúdo mudo, miúdo, e agora, você chora.

Derrama no fluxo veloz do mundo em movimento, sem tempo, um outro tempo que vem de dentro, e esse não passa, não há movimento. Você senta e pensa, e entre o consciente e o incosciente se faz gente, e nisso mente. Por dentro é tudo quente, fervente. Por fora, ora, você chora.

Por dentro uma máquina humana. Ainda lá dentro, algo que não é, nem nunca será, uma máquina. Por fora, tudo desumano. Por dentro, tantos ‘eus’ que não podem ser apenas um. Por fora, algo mutante a cada instante.

Entre opostos e semelhantes há apenas a igualdade desigual que faz do norte algo tão desnorteado.

Entre o cérebro e o pensamento tudo aquilo que te lança no mundo de forma ímpar, aquilo que te faz humano, como jamais poderia ser, se não assim sendo.

Entre a dúvida e a certeza, o soluço e o suspiro.

Entre a razão e a emoção, a lógica e o sentimento.

Entre o corpo e a alma, eu e você.

Entre essa loucura sã e essa lucidez insana, o nosso silêncio.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Perder e partir


Perder. Como aquele que perde e nisso perde-se.

Poder, e sempre não poder parar de perder o perdido que partiu. A dor que parte. Partem vários, tantas também.

E eu ainda estou aqui perdido, partido. Muitos perderam-se de mim. Os que partem e não voltam. Ou que voltam, mas não aqui, não para mim.

Perdi. Perdi como aquele que sabe perder alguém. E também como aquele que sabe perder algo. Perdi. E perdi como aquele que não sabe perder. Perdi como eu. Como você. Perdi, e agora sei perder. Tanto como eu e você não sabemos. Perdi e nunca quero voltar a perder. Nunca saberei perder tudo aquilo que perdi.

É que perder não é para mim. Não, jamais nasci para perder. Eu e todos. Eu e você. Nós que perdemos todos os dias sem saber perder. Perco esse orgulho partido que nunca partiu.

É, a dor de perder dói mais que as outras. Orgulho não era partido, era inteiro. Era tudo meu e nada devia partir. Nada devia perder-se de mim. Me perco nos meus perdidos. Partiu-me. Perdeu-se…

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