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domingo, 15 de junho de 2008

Sinto, logo existo


A complexidade de tudo aquilo que faz parte. A complexidade de tudo aquilo que te faz.

Falta de entendimento interno. Falta de órdem entre o eu lá de dentro e a superfície externa dele.

Abismo. Entre o meu eu de lá e meu eu de cá. Onde estou? Sinto. Sentir me faz querer chegar em mim. Onde nunca estive. Lá dentro, dentro de mim, é só lá que eu começo a sentir-me. Tanto. Antes de tudo preciso de ar e puxo o ar para dentro tentando assim me respirar, tento puxar para dentro de mim tudo que sou e que não sei onde está. Agora não, eu só preciso de ar!

Sufocada de mim.


Fernanda Tavares

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Ilusão insana


Intocável. Inatingível. Impossível. Inacessível.

Isso sou de mim, e todos somos de nós!

O ‘eu’ que vejo de mim é sempre vago de si, pois ele nunca está completo, sempre há os buracos vazios que carregam o peso de ser o ‘eu’ que nunca sou, mas que tanto acredito ser.

Busco-me, impossivelmente a cada dia. Preencho-me e encho-me de buracos de mim, intocáveis. Cegueira, daquelas que não te deixa nem mesmo enxergar-se. O que vejo de mim é tudo aquilo que não sou, mas que vivo buscando ser. Ilusão dos sãos. Morrem com seus projetos de ser impossíveis de ser em si, morrem sem ser o que sempre pensaram que fossem.


[Como todos nós. Amém.]


Fernanda Tavares

terça-feira, 3 de junho de 2008

Pedaço do todo


Saudade. Essa palavra pesa o peso que nenhuma outra no mundo já ousou pesar tanto. Pesa o peso que parte ao meio para deixar partido. Parte-se.

O silêncio traz a escuridão e junto a ela sempre par para a solidão. Sozinhos. A dor de estar a sós, consigo. Consegue?!

Aquilo que vai. Te deixa e te parte. Não ao meio, por inteiro. E não te leva, você fica! Foi-se como foice rasgando dentro, profundo lá fundo. Afunda agora nesse silêncio que traz com ele o grito mudo de dor inteira. Acende-se a luz, tá escuro e ninguém te ouve…

Fernanda Tavares

domingo, 1 de junho de 2008

Overdose de ser


Eu sou tudo aquilo que desconheço em mim, sou também o que conheço. Talvez não, não tanto. Sou ainda tudo o que não entendo e o inacessível que sempre fui, isso sou. Sou todas as partes intocáveis de mim. Ora, essas que eu muito escondo, essas que nunca se escondem de mim…

… e o que sinto. O que finjo que não sinto. Sinto muito. Tanto que não sei não sentir. Sentir tanto me incomoda, nada também, e a falta de sentido.

Busco, talvez sentido, talvez sentir, sentir o sentido de sentir…

Desconheço-me. Não, de mim nada entendo e nada sei, me escondi tanto que não me achei…

Quero sentir, sem sentido.



Fernanda Tavares



[sem mais.]

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