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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Encantos em versos, em cantos inversos



Botei algumas gotas de inocência no coração
até enxergar o colorido do nosso sabor escondido.

Tudo de belo que encobre nossos sonhos
vive por me abandonar as palavras certas
e me deixar caçando modos
de dizer sorrisos e encantos
por todos os nossos cantos e versos.

Seria uma só invenção escrever sobre o amor
o amor não se escreve, se vive
não se explica, se desexplica
não se põe no papel, se grava no peito.

Eu desenho o carinho
que a ternura amortece
nos espaços pulsantes
dos nossos abraços macios
e revelo o aconchego
de cada silêncio adormecido
no encontro dos olhares embriagados de prazer e doçura.

Ao apalpar nossas profundezas
surgiu em nós uma espécie de simplicidade estonteante
que chega a desnortear esse nosso embaraço.

Quando desejo expressar o que não pode ser dito
eu faço poesia revelando sentimentos inefáveis.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Equilibrista

Eu quero enfeitiçar estes versos
e fazer deles algum ditado sobre o que se é por dentro do ser
feito coisas que significam o que realmente são.

Gravo nosso tempo guardado aqui dentro
passando como num filme de delicadezas mudas
onde até as cenas de dor
nos revelam miudezas essenciais sobre a ternura das brisas internas.

Eu deixo meu medo escondido de ti
como quem esquece um alfinete fincado no peito
que lateja nos espaços mais raros
onde confesso:
as cicatrizes me perseguem os rumos.

Eu queria apalpar a existência da essência
como quem sabe onde põe os pés
até encontrar no desequilíbrio
a corda bamba que nos sustenta.



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Visto do avesso



Foi como tirar o deslumbramento da visão e colar no coração
até fazer marca d’água naquilo que palpita em silêncio.

Foi feito aquelas coisas que não são
mas que fazem da gente o que somos.

Amassar o vento por dentro
e fazer abrir nele os caminhos que eu desenho os meus sonhos
coloridos do cantar dos pássaros verdes
misturados com a cor saborosa do assobio deles.

É como deixar escrever no sangue
o gosto da gente mesmo
e tatuar na alma aquele cheiro de ser
que a gente só encontra quando se perde do avesso.


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quilate


Deixo escapar meu zelo
até respingar meu pranto em teu colo vazio.

Me entreguei ao teu olhar manso
como quem se entrega sem volta à brisa única.

Foram teus sorrisos macios que abraçaram as minhas manhãs
sem dosar carícias e mimos
quando eu me encaixava no teu peito
como quem encontra um lugar seguro.

Eu descobri no teu colo
um universo inteiro que só pertencia à mim
e te dei meu infinito interno pra você achar algum caminho
que pudesse te interessar sem fim.

Velei teu sono
e descobri em teus sonhos agitados
algo que me fazia dormir.

Te dei meu cheiro, gosto, sorriso
te dei minha dor, meu amargo, meu medo
me descobri em absurdos secretos
e te devorei tuas infindas partes escondidas
onde eu me abriguei.

Sobrou um pouco de nós em cada
laço, amasso, compasso
daquilo que não passa.

Me retorci nos teus erros
até aceitar me mutilar os espinhos cravados
só pra te ver sorrir ao acordar.

Eu deixei pra traz algumas flores
pra que coubesse em mim
as minhas dores.

É com você que eu erro
e também que eu acerto,
mas só com você,
meu bem.

E o que sobra do amor é sempre amor
pra tapar o buraco da falta que resta.
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