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terça-feira, 18 de setembro de 2012

A voz do silêncio




Aquilo que não se explica
mas que pulsa dentro do peito
fazendo dor
fazendo angústia...

Um nó na garganta
um aperto sem fim
uma tosse engasgada
uma palavra guardada...

Os silêncios me traduzem
quando as palavras não me alcançam.

As palavras me inventam
quando o silêncio toma conta.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Ao avesso




Ficaram as marcas
as feridas expostas
as dores maquiadas
por entre as lembranças mais doces.

Ficou o desejo de partir
o rastro de sangue
a cicatriz
em meio as amarras cativadas.

Sorrisos ainda afagam o peito dilacerado
abraços procuram o colo estilhaçado.

Razão e emoção entram na disputa
vestidas para a batalha fatal.

Seria mais fácil
se houvesse ponto final

na despedida atropelada.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Renúncia




Não seguiremos juntos,
ainda que haja amor.

Não completaremos nossos sorrisos,
ainda que haja a falta.

O mais nobre do amor é a delicadeza de tocá-lo
com carinho e cuidado,
mesmo quando a dor atravessa os olhos molhados.

Saber amar é também saber renunciar
o que os ombros já não mais sustentam.

Para trás: um filme bonito
Para frente: um caminho ainda obscuro.

Dispo-me do peso
vou-me nua e leve
onde o vento chamar
o som do mar anuncia:
- amar é também preservar o que resta
admitir o fim
e seguir,
só.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Convite


Olá a todos!

É com muito prazer e alegria que gostaria de convidar a todos para o lançamento do livro "Inutilidade Poética", dos autores Fernanda Tavares e Rene Serafim. Este é um momento muito especial, e por isso gostaria de dividir com vocês a emoção de tudo isso.

O evento acontecerá na Casa da Cultura (Pça Coronel Carneiro, 89 - Fundinho) no dia 20 de Abril de 2012 e terá participação especial de ALICE RUIZ no Espaço de diálogos que antecederá a Vernissage de lançamento.

PROGRAMAÇÃO:

17:30 - Início do Sarau Poético (Traga sua Poesia para expor e\ou recitar).
18:00 - Espaço de diálogos com Alice Ruiz.
19:30 - Vernissage de lançamento do livro.
20:00 - Coquetel.
22:00 - Encerramento.

OBS.: Entre 20:00hrs e 22:00 hrs, período em que os autores estarão autografando os livros, haverá um espaço de convivência com muito samba raíz, chorinho e bossa nova com Fina Mistura e convidados.

INCENTIVO:

Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) - Secretaria de Cultura - Prefeitura de Uberlândia.
 

Maiores informações:

(34) 8884-1649
(34) 9928-1649


Um abraço especial à todos os leitores, que de algum modo fazem parte da trajetória poética deste blog e também deste livro.


Com um carinho delicado e estonteantemente feliz.


Fernanda Tavares

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Simetria imperfeita


O que desabrochou da carne
mas encontrou seu refúgio na alma
e firmou-se não pelo belo
mas pelo que se inaugura da beleza
onde o silêncio revela profundezas incríveis
e suspiros cardíacos intensos.

Fora não pela formosura dos lábios
mas pela doçura do sorriso,
não pela elegância do porte
mas pelo carinho do toque,
não pela face perfeitamente simétrica
mas pela firmeza do olhar,
não pela liquidez da materialidade
mas pelo brio do caráter,
e por tudo aquilo que se esconde da superfície
e só se descobre na antiguidade de um abraço manso.

Fora tanto
que os olhos molhados de admiração e carinho
não deixam disfarçar a nostalgia eterna de cada lembrança.

Fora profundo
como cada afeto seu
costurado e colado em minhas vísceras
pra fazer transbordar em minhas veias
você que me faz tão bem.


...
O que desabrochou da alma
e encantou as mais ocultas marcas da carne
e firmou-se não só pelo que se vê
mas pelo que se consagra dos sentimentos invisíveis
onde as palavras não podem revelar o tamanho do que se sente
nem a profundidade das respirações entrelaçadas.




quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Primeira palavra



Não cabe em lugar algum
o fardo cascudo que o laço criou.

Antes era a ausência
depois foi a presença
hoje é o lugar cativo
onde presença e ausência
se encontram
se misturam
e se destroem.

A primeira palavra pronunciada na vida
se tatuou como a mais profunda ferida.

Núcleo estilhaçado
de tudo aquilo que não se esconde
e não se toca
mas se dilacera até o ventre.

O silêncio construiu o tamanho da dor
o nó na garganta construiu o sabor do amargor
por ora sabor de presença da ausência,
por ora sabor de ausência da presença.

Poderia se chamar vínculo mortal
mas na verdade é só o limite do silêncio.

Estandarte sangrento
que carrega consigo
as marcas de uma vida
onde abandono e carinho
tinham o mesmo nome.

Quase não posso escrever essas lágrimas
quase não posso chorar essas palavras.

Traduzir a dor em versos
não faz que voz alcance os ouvidos mais desejados
e os colos mais cotados.

Ao contrário,
o que a falta faz
mais uma vez se repete
se instaura
se inaugura na eternidade
e se expande para os mais diversos laços.

Fica aqui a fenda da falta:
falta do seio da vida
e as tantas outras faltas
que a vida tratou de ordenar.

Quase já não posso caber aqui,
onde o limite do silêncio
berrou.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Eu e o vento




As nuvens dançam aos meus pés
e o teto do mundo alcança a ponta dos meus dedos.

No jardim dos encontros
eu desenho um abrigo
faço dele meu esconderijo.

É como se das flores
restassem a cor
e das árvores
a sombra.

É como se de tudo
sobrasse aquilo
que nunca faltou.

Ficou no jardim
o encontro,
o abrigo,
as nuvens
e o teto do mundo.

Ficou em mim o meu desenho.

E com a ponta dos meus dedos
eu danço na cor da sombra da flor da árvore.



sábado, 5 de novembro de 2011

Onde os raios se transformam em sonhos




Manso e único era o sabor daquele tormento colorido
que coagula o sangue mais íntimo
e estanca no peito as reações pulsantes

O que desabrocha em mim tem uma outra cor
uma furta cor inocente
carimbada de alegria e dor.

Devagar brotam sonhos compartilhados
e futuros tricotados juntos para além do tempo.

Devagar os cachecóis aquecem os pescoços
e modificam cada pulsação absorvida.

É como um grito que desampara e ressignifica o som do poema
como se as palavras acordassem a poesia
criando vida e sonho nas pétalas dos versos.

E a vida se ocupa em surpreender os sentimentos
criando um desencontro fascinante
entre tudo aquilo que existe e tudo aquilo que se cria
onde os raios se transformam em sonhos.



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