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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O fim, aqui


Sumir, em suma, somos.

Ser, crê-ser. Amadurecer.

No retrato, retalhos. Pedaços.

Nos passos, vários, falhos.

Nos amassos, laços. Traços.

Nas partidas, despedidas. Vidas.

Nas esquinas, minas. Mentiras.

De repente, tudo quente. Mente.

No nevoeiro, passageiro. Te leio.

Tudo do meu jeito no seu peito.

Enfim, o fim, aqui.

Olhar e dizer: Não te amo mais!

Mãos ainda dadas.

Corpos entrelaçados.

Olhares estagnados.

Desapego? Não, nada!

De nada.

sábado, 22 de novembro de 2008

Ser humano


O bom de texto grande é que ninguém lê. E o bom da vida é que ninguém sabe o que vai dar no final.

A vida passa, o tempo passa e as pessoas simplesmente passam. Passam como aquele calafrio mórbido que vem e passa. Na verdade nada é tão simples como indica a teoria. É que a prática exige coragem. Arriscar muito. Talvez seja mais fácil dizer que a simplicidade teórica sempre me interessou bastante.

Ser humano é ser aquilo que não deixa nada passar. É ser aquilo que quer beber até o último gole de vida. É ser aquilo que quer amarrar tudo e todos a si, bem ao seu alcance. Quer segurar a vida , o tempo e as pessoas com a mão. Doce ilusão dos sãos.

Ser humano é ser todas as regras impostas e ao mesmo tempo discordar de todas elas. Só pra constar. É ser a pura desordem em ordem sistêmica. Choque contínuo, confusão permanente.

Ser humano é ser egoísta. Parte dolorida e antes que os socialistas descubram: és egoísta, e então és humano por conseguinte. Pensar em si sempre, até ao adormecer. Ora, claro, mereço viver e aproveitar muito antes de envelhecer e morrer. E ser também, e sempre, um ser social, embutido e plantado firmemente no solo da sociedade, um ser que precisa (infelizmente, ou não) do outro.

Ser humano ás vezes é ser sozinho, outras vezes é ser multidão, tumulto. O mais difícil é ser solidão. Ser gente é ser tudo que está explícito e óbvio que se é, mas é principalmente ser aquilo enterrado e proibido.

Ganhar, ora, todos nasceram sabendo. Perder poucos aprendem antes de morrer. Falar em antes de morrer é como falar de futuro distante, imprevisto. Nem parece que nosso antes de morrer é agora e somente agora.

Sonhar deve ser coisa inata. Fazer não foi fácil aprender. Mas a verdade é simplesmente que isso todos superam, volto a falar em teoria, ou vivem maquinalmente como algo pronto a sempre se superar, ou não, mas prontos a esquecer a parte trágica de ser que todo pedaço de ser carrega consigo. Escondido, partido.

Falta ainda desapegar-se e lembrar que as coisas passam, e as pessoas também…

Ser humano é ser mesmo essa coisa que só sendo a gente aprende a ser. E mesmo assim, muito decorado e mal aprendido, feito tabuada do 8.

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