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domingo, 24 de abril de 2011

Estrada


Não tem palavras que signifiquem
nem fórmulas que expliquem
o que se passa por dentro do peito
no silêncio grandioso das respirações.

Rasgo-me até as vísceras
na tentativa de encontrar
onde foi que nos amarramos
desse jeito tão doído e amargo.

Corto os pulsos para ver no sangue jorrado
de onde saem tantas mágoas e marcas
que se desenharam de um jeito tão manso e imperceptível
que nem mesmo nos lembramos como éramos antes.

Fica em nós o mesmo silêncio atordoante
que invade o desejo até não cabermos mais em nosso abraço
e assim renasce o carinho e o sorriso
que nem mesmo os olhos molhados explicam.

Fica em mim o desamparo e o desassossego
de não saber o que eu significo para mim
e não saber por onde começar a procurar as pistas
que me levam até onde eu pretendo chegar...

mais perto de você.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A hora do astro


Ofereço-te com carinho, Henrique.

Mal sabíamos que o teu silêncio
seria o nosso grito
e o que teu grito
era nossa forma de simplesmente nos calar
em respeito a dor que fica e que paira no ar.

Envolvemo-nos com cada parte daquilo que não passa
e deixamo-nos ferir e sermos feridos pelo mesmo sangue derramado
que endossa a tua batalha única.

Ficam aqui somente os aplausos banhados a lágrimas
somente o buraco em meio a falta
colorindo as rosas de saudade
até abrir no cheiro da manhã o teu sabor de partida.

O nosso adeus carrega o brilho dos teus olhos
em cada pulso silencioso.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Descanso



São os últimos instantes que circundam a tua vida
e o teu cheiro ainda está gravado nela
teu sabor é o próprio gosto dela
e tua memória são as cenas dela.

Escorre uma lágrima de desamparo
e o peito aperta num só suspiro.

A imagem da liberdade traz consigo
o último grito.

Sobra em nós o teu silêncio.


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