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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Um pouco do pedaço

Eu queria me rasgar em versos

até alcançar aquelas partes mansas

onde mora meu encanto por você

e fazer disso mil cápsulas de palavras com nosso sabor.


Eu queria respirar a paz que sai dos seus pulmões

e alcança o meu

até não existir mais espaço em mim.


É como se suas mãos

transformassem o meu corpo

e como se seu toque

transformasse o meu sorriso.


Existem pedaços secretos

que só os lábios entendem

só os corpos decifram

só os olhares revelam.


Um pouco de tudo é quase nada

e tudo aquilo ao mesmo tempo

que a saudade esconde e explode em lágrimas.


Foi superando nossas próprias dores

que encontramos nosso gosto íntimo

na medida exata do pedaço que faltava

e da falta que passava.


Antes de nós

e depois de nós

só nós nos sabemos em versos

em palavras

em gestos

olhares

sorrisos-lágrimas.


Encostamo-nos ao abismo rítmico que nos enlaça

e não nos deixa a sós

só o peito aberto concretiza nossas verdades sonhadas

ao som do bolero doce que extrai orgasmos do nosso sangue em chamas.


Eu queria rabiscar-me aqui

até alcançar-te aí

e fazer de nós

um pouco do pedaço de cada parte dessas palavras.


Foi sendo assim, que foi tudo isso.



quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ésse


(crédito imagem: olhares.com)
Se

saudade e

solidão

salgassem o

sofrimento

se sentiria são

quem sopitasse amor

em suspiros súbitos

soados de sal e sol.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sal e só com saudade

Teu olhar revela o brilho

que ilumina os espaços escuros

quase inexplorados pelo qual caminhas

com teus passos firmes e mansos e breves

que posso ouvir de longe

ao escutar-te em silêncio.


Tão parecidos

que quase não nos reconhecemos nos espelhos embaçados de poesias

e assim tocamo-nos simultaneamente

antes mesmo de destrocar as pernas embaraçadas

que estremecem quando o vejo surgir

trazendo um naco de mim em teu peito.


Devolvemo-nos a nós mesmos a cada encontro

como quem encontra teu eu

naquele pedaço de ti guardado no outro

que escondemos entre feridas expostas

sangrando saudade pelos poros já entupidos.


E assim peço-te suavemente:

- deixes que meu pranto conforte tua alma

e que minhas invenções poéticas afaguem teu rosto

enquanto eu não puder alcançar-te com minhas mãos.


Amo-te de longe

como quem dorme ao teu lado em cada noite fria

e acorda em teus braços

com o calor do teu corpo a aquecer-me

é como se sempre houvesse teu carinho em mim

e como se eu sempre estivesse no canto de cada uma das tuas manhãs.


Fazemos da distância a nossa proximidade maior

pois apenas nós nos consolamos e nos abrigamos

pelos buracos cravados no peito

sangrando dor em gotas de desejo.


Resistimos a cada domingo

aos nossos próprios sonhos inventados

até modelarmos nossas dores e carícias

que nos partem ao meio

e nos despedaçam até mesmo as lágrimas.


Em nossos planos mirabolantes

cabem ainda toda a beleza do mundo

revelada a cada riso teu

que aquece minh’alma

e me entorpece com teu encanto até nos abandonos.


Quero tocar-te

sem tempo marcado

e deixar que a leveza do teu sono

acalme minhas noites

e abrigue meus suspiros serenos

durante o tempo que tua mão segurar a minha.


Enquanto houver saudade e sentimento

continuarei a escrever-te.


Entrego-te meus olhos

para que possas ler este verso em sonho.




terça-feira, 1 de junho de 2010

Inutilidade Poética

Nossos versos eram os únicos vestígios

que deixávamos aqui,

só eles nos compreendiam

e nos libertavam de nós.


Inventávamos muito para conhecer

aquelas partes intocáveis e escondidas por dentro

que só as palavras alcançavam

através de poesias inúteis.


Olhares cruzados atingiam

desenhos verbais por entre rimas

enquanto nos transfigurávamos

em nossos embaraços verbocorpóreos.


A cada travessura métrica

sonhávamos a inocência

das coisas que não acontecem

como quem pula obstáculos.


E por amor

unimos nossas palavras até ouvir o silêncio delas

ao desver o mundo nos abandonos

e guardar os desconcertos dos nossos absurdos secretos.


Assim abrigamo-nos nas palavras

antes mesmo que em nossos corpos

e sustentamo-nos em poesias

antes mesmo que em nós.



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