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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Entre linhas


Meu máximo e mínimo

a cada instante

no teu seio

sendo explorado

extorquido

quase arrancado

por tuas mãos

leves, doces, ternas.


Bocas ao devorar salivas

entrelaçando sabores

atirando-se ao desejo vil

estéril pecado

brindado a corpos nus

perdidos à procura

do gozo de loucura.


Entre asas e pernas

nalgum naco de alma

que vem a tona

e milimetricamente

se revela tão exposto

quanto cadáveres abertos

onde a sorte moribunda

nasce já enraizada à morte

e se desfaz ao extrair-se de si

toma-se toda

parte por parte

cavando sua dor

no suor do prazer

que está além da carne.


Outrora eu vi um risco

o espaço era todo entrerriscos

como um limite de ser

circunscrito-restrito

num horizonte já quase sem cor

que desesperadamente

quebrou como a mais fina das taças

e em cacos se libertou.


Entre cacos

entretanto se refez

e ainda no pulso

daquele delírio excitante

revelou uma profundidade

além dos riscos.


As auroras trazem consigo

a cor de sangue escorrido

que enrosca nossos sabores.



2 comentários:

  1. #

    Comentário por Juninho — quarta-feira, 2 de dezembro de 2009 (19:36:22)

    “Amor é privilégio de maduros
    estendidos na mais estreita cama,
    que se torna a mais larga e mais relvosa,
    roçando, em cada poro, o céu do corpo.

    É isto, amor: o ganho não previsto,
    o prêmio subterrâneo e coruscante,
    leitura de relâmpago cifrado,
    que, decifrado, nada mais existe

    valendo a pena e o preço do terrestre,
    salvo o minuto de ouro no relógio
    minúsculo, vibrando no crepúsculo.

    Amor é o que se aprende no limite,
    depois de se arquivar toda a ciência
    herdada, ouvida. Amor começa tarde.”

    (Carlos Drummond de Andrade)


    [ver em: http://meninadosolhos00.blog.terra.com.br/2009/12/02/292/#comments]

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  2. #

    Comentário por Ericka — quarta-feira, 2 de dezembro de 2009 (19:45:55)

    “Outrora eu vi um risco

    o espaço era todo entrerriscos

    como um limite de ser

    circunscrito-restrito

    num horizonte já quase sem cor

    que desesperadamente

    quebrou como a mais fina das taças

    e em cacos se libertou.”

    sem saber pra onde tava indo, vc foi pra um lugar genial. aplausos! (quebram-se as taças)

    [ver em: http://meninadosolhos00.blog.terra.com.br/2009/12/02/292/#comments]

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