
Eu escrevo sobre o vazio.
Sobre o nada que sempre fui
E sobre a coisa nenhuma que preservo em mim.
Escrevo o que não sou.
Desato meus nós com palavras soltas
Mais vagas que eu mesma.
Desabafo meu silêncio
Num berro sem voz, sem cor.
Eu escrevo sobre a falta de eu em mim
Jogada ao vento nessas palavras sem sentido
Escrevo sobre meu anti eu
Sobre meu ego perdido no eco partido.
Eu mostro tudo o que não sou
Num retrato meu, que não me vi
Atiro minha parte guardada
Em qualquer gaveta cardíaca trancada, sem porta de entrada.
Eu escrevo sobre o tempo,
Maldito!
Aquele que passou e levou consigo uma parte do que era meu
Uma parte que era eu mesma.
Um brinde a minha possessão, só minha.
Duas doses com sal e limão.
Eu já não tenho nada mais a escrever
Sobre meu quase eu.
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ResponderExcluirComentário por Juninho — quinta-feira, 10 de setembro de 2009 (20:41:53)
Maravilhoso!!!
Um dos melhores…
;*
[ver em: http://meninadosolhos00.blog.terra.com.br/2009/09/10/194/#comments]