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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Affonso Romano de Sant’Anna


Affonso Romano de Sant’Anna ( escritor mineiro )

A comunidade precisa matar o passado para ter alguma esperança no futuro.
A construção do silêncio exige muitas palavras. O escritor, por exemplo, constrói uma casa de palavras para ouvir seu silêncio interior.
A língua é a essência de uma nação (indígena ou civilizada). É o móvel de identidade psicológica e cultural. Por isso todo dominador começa por proibir e destruir a língua do dominado.
A moda é dinâmica, mutante, passageira. O costume é estático, duradouro e aspira à continuidade.
A poesia pode comover. A poesia pode fermentar a história. A poesia resiste e sobrevive às engenharias estéticas e genéticas.
A pretensão de todo poeta é ser um jornalista da alma humana.
A violência sempre esteve ligada ao poder. E a violência masculina é um exercício perverso do poder.
Amor é uma tarefa a dois e um aprendizado ininterrupto. É ele que dá sentido ao desejo e enraíza a paixão.
Cantor, poeta que fala do social e que socializa ele mesmo seu modo de produção estética, Chico Buarque, por outro lado, tem aquilo que deveríamos chamar de síndrome do Rei Midas: converte em sucesso tudo que empreende.
Compositor, teatrólogo ou romancista, Chico nunca se afasta muito dos seus temas prediletos: os marginais, os anti-heróis, os infelizes, os desvalidos. E sua defesa deles é tão inflamada e sincera que muitas vezes se confunde com profunda identidade.
Democracia não é apenas uma prática a outros delegada, senão algo que se pratica em todas as instâncias.
É no poder que se conhecem os verdadeiros democratas.
Em "Amanhã há de ser outro dia", esse outro dia de paz tem um sentido individual e social. É a paz entre os amantes, a paz entre o povo e seus dirigentes, é a paz entre os povos.
Falar uma língua estrangeira é romper uma fronteira. Falar muitas é romper várias.
Não se pode calar um homem. Tirem-lhe a voz, restará o nome. Matar, sim, se pode. Se pode matar um homem. Mas sua voz, como os peixes, nada contra a corrente, a procriar verdades novas.
O carnaval é basicamente um movimento diluidor da rebeldia.
O ceticismo é o barateamento de uma certa filosofia. O cético não vive, desconfia. Não participa, espia. Não faz, assiste.
O desejo pinta e some. A paixão explode. Já o amor é um desejo que se aprofundou e uma vivência intermitente da paixão.
O mistério começa do joelho para cima./ o mistério começa do umbigo para baixo/ e nunca termina.
Os mortos podem ajudar a ressuscitar os vivos.
Quem repete linguagem velha não está falando, está sendo falado. A linguagem é o homem e o lugar que ele ocupa no mundo.
Réu primário é como se estivesse dizendo que todo o mundo tem direito de matar alguém, inconseqüentemente, uma vez. Só depois é que se torna criminoso.
Sem o mito do amanhã não existiríamos. Não fora o amanhã e secaríamos à beira dos caminhos, esboroaríamos como um cascalho no deserto. O amanhã é que fermenta o hoje, que fermenta o ontem.
Toda vez que um oprimido reclama seus direitos, os outros oprimidos se sentem menos fracos.
Um homem não se cala com um tiro ou mordaça. A ameaça só faz falar nele o que nele está latente.

2 comentários:

  1. 1.

    Comentário por luana — domingo, 25 de maio de 2008 (17:08:29)

    só pq vc é a mais fofa e linda que existe no universo!
    bjuu

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  2. 2.

    Comentário por bruna — domingo, 25 de maio de 2008 (17:12:37)

    a menina que quer mudar o mundo.

    bjo =*

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