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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Menina quase borboleta


Ela olhava aquela cidade como quem também não era dali

as luzes contra os olhos

os olhos saboreando o medo e a angústia aprisionada.

Entre laços e beijos

havia mistérios quase inexplorados.

Eu me apaixonei não por ela,

mas por tudo que se escondia atrás dela.

A dama da noite, sem classe;

A musa de marfim, com uma pitada salgada.

Encantadora e quase perigosa.

Lacrimejava pelos cantos como mulher,

abria o peito e se entregava com jeito

feito atriz encarnando personagem que já existia dentro de si.

Ela jogava cartas como quem joga só para ganhar

e ela ganhava como quem sabe a hora da vitoria

nem antes, nem depois

o tempo certo, sempre cronometrado, sempre certo.

Pele doce, olhar gentil

a moça que sabia como ser tudo que era de um jeito só dela.

Colocava a colcha sobre seu rosto

tentando guardar dentro da colcha suas dores

ela era doída, bastante doída aliás.

Seu movimento era todo perfeito

usava o charme para tapar seu medo

ela sabia como ninguém

guardar-se dentro de si.

Ficava por ali numa paz estonteante

que só ela sabia alcançar

seu tormento cheirava segredo

tinha a cor de todo amor

despedaçado e moído

com o brilho certo de carinho cansado.

Menina, minha menina

de alguma forma eu preciso deixar escapar

sua confusão e seu medo me afastam

mas só seu olhar sabe como me atrair assim

não me declaro

agora eu me calo

e digo somente:

que eu sempre te amei.

Basílio Ferreira Filho

(uma face máscula de Fernanda Tavares)

Um comentário:

  1. 1.

    Comentário por Juninho — sexta-feira, 16 de outubro de 2009 (20:46:11)

    Eu já estava com saudade do Basílio…

    [ver em: http://meninadosolhos00.blog.terra.com.br/2009/10/16/menina-quase-borboleta/#comments]

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