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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Hoje: sem anti-depressivo


Eu procuro algo prático e esteticamente estratégico para falar do sentimento enérgico e não menos elétrico e histérico que carrego comigo.

Procuro algo que me desequilibre e que nesse deslize eu eternize a minha vertigem.

Que no compasso desse inchaço, cansaço… desse mormaço já escasso no fim do laço entre o maço, que nenhuma fumaça abafe isso que extravaza entre as palavras.

Primeiro combustível, depois fogo. Hoje eu quero que queime, arda a dor estraçalhada, esmiuçada, estragada, extraviada, rasgada.

Deixe que invada.

Pegue a faca e agora cutuque, primeiro de leve depois com toda a força possível, passível. Faça estrago, buraco.

Quero que sangre o sangue talhado, o coágulo, o nódulo e o resto de mim.

Quero vomitar o cisto. Jogar para fora o câncer. Tossir tudo que engasga. Gritar tudo o que abafa. Transpirar o que absorvo.

Desse jeito cortante, marcante, macabro. Pacato.

Deixe corroer como ácido em carne viva.

Agora já mais leve, mais limpa.

Sei e posso dizer então que sinto.

Tudo isso porque ontem eu acordei oca e vazia de mim, como em dias normais.

A partir de hoje é assim.

Um comentário:

  1. 1.

    Comentário por flavinha — segunda-feira, 11 de maio de 2009 (21:19:49)

    nossa baby.. isso é tão bonito que dá vontade de te apertar bem forte ao ler seus textos.
    bjubju

    [ver em: http://meninadosolhos00.blog.terra.com.br/2009/04/29/hoje-sem-anti-depressivo/#comments]

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